Laços do Olhar
A exposição dedicada ao centenário da imigração japonesa não é apenas para os fãs da cultura nipônica, seus mangás e samurais e como começaram a pipocar na cultura moderna brasileira. Mais que isso, é um convite à reflexão sobre o quanto as duas culturas começaram a se interligar a partir da chegada do primeiro navio repleto de olhos puxados e mentes cheias de esperança de vida nova.
Algumas obras nos dão a sensação de serem 100% japonesas, importadas diretamente de uma decoração ou ritual sagrado exclusivo de lá, como a vestimenta no manequim, as pinturas eróticas em seda e xilogravuras como Guerreiro, de Marten De Vos.
Noutras, a mistura parece proposital, dando para quase enumerar o que é brasileiro e o que japonês (veja o estádio de futebol cujo público se compõe de imagens do imaginário e cultura oriental e ocidental).
Por fim, à primeira vista, algumas delas parecem exemplares típicos de arte brasileira, mas se olharmos por um instante mais, veremos que a imagem retratada (seja uma paisagem ou retrato) tem traços tipicamente orientais – O Homem Amarelo lembra muito (nos traços, cores, enquadramento) A Estudante, ambos de Anita Malfatti.
As variedade das peças também é rica e vai desde o século 19 aos dias atuais, passando pelas principais vertentes artísticas desse período. Impressionismo, artes conceituais, abstracionismos, grafites, ilustrações, poesia concreta, fotografia, escultura, cinema, moda, design. Tem mais.
Só não entendi o que uma obra cuja base está na interação com o espectador, O Bicho da Lygia Clark, estava fazendo imaculada e protegida sob os olhares dos seguranças.
Ainda assim. Três salões e um largo corredor de arte e cultura. Um século de intercâmbio cultural bem selecionado. Esteja você mais interessado na arte ou mais na cultura.
Laços do Olhar
Curadoria de Paulo Herkenhoff
Terça a domingo, das 11h às 20h. Até 10/8.
Instituto Tomie Ohtake
R. Coropés, 88, São Paulo. Tel.: (11) 2245-1900
Grátis